Os dois adolescentes de 17 anos acusados de participação no assassinato do casal Higor Fonseca e Rafaela D'Eluz, mortos com mais de 100 facadas em Araxá, receberam medida socioeducativa de até três anos pelo ato infracional análogo ao crime de duplo latrocínio durante audiência de instrução e julgamento realizada nesta terça-feira (1º).
De acordo com o juiz da Vara Criminal, Renato Zouain Zupo, a pena passa a valer a partir do momento em que eles foram apreendidos. Quanto aos outros envolvidos no crime, ainda não há data marcada para a sentença dos três e o prazo é de 180 dias. Eles permanecem presos no presídio de Araxá.
Ainda de acordo com o juiz, a cada seis meses uma equipe vai avaliar se os adolescentes vão poder retornar ao convívio social. "Eles serão submetidos a uma bateria de testes psicosociais e psiquiátricos, eles e os familiares deles, não só para saber se eles representam perigo para a sociedade, mas também para saber se as famílias têm condiçoes sociais e emocionais de acolhe-los. Se não, a internação poderá chegar a três anos. Este avaliação será feita pela equipe do local em que eles estarão internados, depois passará pelo Ministério Público e, em seguida, para o juiz que dará a avaliação final", explicou.
Os menores permanecem no Centro de Reeducação do Adolescente de Araxá (Cerad), mas ainda devem seguir para um local a ser escolhido pela Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds).
Relembre o caso
O casal foi morto no dia 23 de janeiro no Bairro Veredas do Belvedere em Araxá. Conforme o registro da Polícia Militar, um amigo acionou a guarnição após estranhar a falta de notícias do casal. Os militares identificaram que a casa estava toda revirada e as vítimas sem vida.
Na época, o coordenador do Instituto Médico Legal (IML) de Araxá, Hudson Fiuza, informou que o casal foi morto a golpes de faca e tortura. A jovem apresentava 12 perfurações e os cortes estavam cobertos com açúcar. Já o rapaz, teve cerca de 100 perfurações e estava coberto com fubá de milho. As facadas atingiram o peito e tórax das vítimas.
Após o crime, dois jovens de 18 e 20 anos, ex-funcionários de Higor Fonseca, e dois adolescentes de 17 anos, foram detidos suspeitos de roubar e matar o casal em Araxá com mais de 100 facadas, no dia 27 de janeiro. Uma faca também foi apreendida pela Polícia Civil e encaminhada para análise da perícia.
Além dos detidos, o juiz da Vara Criminal, Renato Zupo, expediu um mandado de prisão temporária para Yuri Santiago Borges, de 22 anos, que também é suspeito de participar e ser o mentor do crime. Ele estava foragido e foi preso em Uberlândia no dia 2 de fevereiro.
Motivação do crime
Após a prisão de todos os suspeitos, o delegado regional César Felipe Colombari falou com a imprensa sobre a motivação do crime. Segundo ele, os criminosos mataram o casal porque Higor Fonseca reagiu. Colombari disse, a vítima chegou a desarmar um dos criminosos e tentou efetuar um disparo, mas a arma falhou.
Na época da investigação, o delegado apurou, ainda, que ele já tinham feito levantamentos anteriormente para praticar furto/roubo na casa do casal. Sobre o açúcar e o fubá de milho encontrados nos corpos do casal, os criminosos relataram que fizeram isso para tentar dificultar o trabalho da perícia na busca por digitais.
Já os advogados de defesa apresentaram versões sobre a participação dos suspeitos no crime que tirou a vida do casal.
Fonte: G1